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Cirurgia Bariátrica

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Obesidade Mórbida

 A obesidade mórbida é uma doença crônica que está associada à piora da qualidade de vida e da expectativa de vida em decorrência da alta frequência de comorbidades.  A redução da expectativa de vida e à grande probabilidade de fracasso dos tratamentos menos invasivos são grande indicações na atualidade para a cirurgia, considerando o índice de fracasso da terapêutica clínica. A cirurgia da obesidade surge como uma ferramenta importante no tratamento desta doença, promovendo perda de peso satisfatória a longo prazo.
 

É importante conhecer as indicações, os benefícios e riscos para avaliar a real necessidade de ser submetido ao procedimento cirúrgico. O acompanhamento multiprofissional é primordial, tanto em período pré quanto em pós-operatório, para que o paciente seja avaliado e acompanhado pelos diversos profissionais que compõe a equipe.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) utiliza o Índice de Massa Corporal (IMC) para diagnóstico e classificação da obesidade, sendo este calculado dividindo-se o peso corporal (em quilogramas) pelo quadrado da altura (em metros). A obesidade é diagnosticada com o IMC maior ou igual a 30 kg/m². Um IMC maior ou igual a 40 kg/m² é classificado como obesidade mórbida ou obesidade grau III (ALBERT, 2002).

IMC (Kg/m²) CLASSIFICAÇAO:
18,5 – 24,9 Eutrofia (normal)
25,0 – 29,9 Sobrepeso
30,0 – 34,9 Obesidade Grau I
35 – 39,9 Obesidade Grau II
> 40 Obesidade Grau III ou MÓRBIDA

 

O que é TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE MÓRBIDA?

A cirurgia bariátrica é aceita, atualmente, como a ferramenta mais eficaz no controle e tratamento da obesidade mórbida. Dentre os principais benefícios decorrentes desta cirurgia, pode-se salientar a perda e manutenção de peso a longo prazo, melhora das doenças associadas com conseqüente melhora na qualidade de vida (PAREJA, 2002 GARRIDO JR., 2002 ).

 

Quais são as indicações para cirurgia bariátrica?

Estão indicados para realização da gastroplastia:

  • Pacientes com índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 40 kg/m²;
  • Pacientes com índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 35 kg/m² que apresentem doenças desencadeadas pela obesidade, denominadas comorbidades, como por exemplo: diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia e síndrome da apnéia do sono.
  • Obesos há pelo menos 2 anos, (de acompanhamento confirmado em documento pelo médico assistente) que já tenham passado por outros tratamentos e não tenham obtido resultado e pacientes nos quais a obesidade não seja de origem endócrina;
  • Ter entre 18 e 65 anos (PODENDO SER AVALIADA CONDIÇÕES ESPECIAIS entre 16 e 18);
  • Não ser dependente de álcool ou substância ilícita;
  • Estar disposto a uma reeducação alimentar;
  • Indivíduo que se comprometa a seguir as orientações pós-operatórias;
  • Pacientes diagnosticados com risco cirúrgico aceitável.

 

Quais são as TÉCNICAS CIRÚRGICAS?

As cirurgias são classificadas como:

– Restritivas: há redução da capacidade gástrica, causando restrição da ingestão de alimentos (gastroplastia vertical, banda gástrica, balão intragástrico);

– Disabsortivas: um segmento do intestino delgado é excluído da passagem do alimento, reduzindo a sua absorção (derivação biliopancreática);

– Mistas: há construção do pequeno reservatório gástrico, com ou sem anel, assim como a exclusão de um pequeno segmento intestinal, causando restrição e disabsorçao simultaneamente (bypass gástrico com Y de Roux ou cirurgia de Fobi-Capella). Era a técnica mais utilizada, proposta por Fobi e Capella nos Estados Unidos, devido à sua baixa morbi-mortalidade e eficácia (ARRUDA, 2003). Para esta técnica cirúrgica, a perda ponderal esperada é de 65 a 80% do excesso de peso em relação ao peso ideal no período de 12 a 18 meses pós-cirúrgicos, podendo cair para 50 a 60% com 3 a 5 anos, mantendo-se assim daí em diante (SUGERMAN, 2001).

 

Quais são os objetivos da cirurgia?

Reduzir a capacidade do estômago, que terá a sua maior parte excluída do trânsito alimentar criando um pequeno reservatório gástrico, para dentro do qual deságua o esôfago. Deverá ter um volume de 50 a 150 ml, e terá uma anastomose pequena e calibrada junto a uma sonda passada no intra-operatório que limitará a capacidade do pequeno estômago, e fará com que o esvaziamento gástrico se retarde. Este é o componente restritivo da cirurgia.

Criar uma passagem para os alimentos do pequeno estômago diretamente para o intestino delgado, de uma forma conhecida como Y de Roux, não passando, portanto, pela câmara gástrica maior e pelo duodeno. Esta forma de reconstituição do trânsito intestinal exclui uma parte do intestino do processo digestivo, o que irá diminuir a absorção de alguns alimentos. Este é o componente disabsortivo da cirurgia.

Interferir na produção de hormônios gastrintestinais de forma que estes atuem de maneira positiva na redução do apetite, controle do diabetes e perda de peso.

 

Quais são os RISCOS E COMPLICAÇÕES possíveis? 

A cirurgia da obesidade mórbida é sempre uma cirurgia de grande porte.

Os riscos de qualquer cirurgia (hérnias, apendicectomia, etc) são significativamente maiores no obeso mórbido que no paciente com peso normal.

Ninguém pode oferecer a garantia absoluta de que uma operação não terá complicações. Os médicos não têm o poder de predizer com exatidão o pós-operatório em 100% dos pacientes.

As operações de obesidade são grandes cirurgias pelas técnicas específicas realizadas e, além do mais, por se tratar de um paciente obeso mórbido ou super obeso e com problemas às vezes importantes (cardíacos, respiratórios, hipertensão e diabetes) relacionados com seu peso. A taxa de mortalidade é de 1%. O índice de complicações é de cerca de 15 a 18% as quais podem ser menores ou maiores até requerer uma recuperação e uma hospitalização prolongada. Todas essas possíveis complicações sempre se tentam prevenir e curar.

 

Quais são os TRATAMENTOS EVENTUALMENTE NECESSÁRIOS APÓS A ALTA HOSPITALAR?

É necessário o acompanhamento clínico, nutricional e psicológico no pós-operatório.

O processo desejado de perda de peso se inicia após o término da cirurgia.

As consultas com o cirurgião responsável após a cirurgia deverão ocorrer quinzenalmente no 1º mês e mensalmente até o 6º mês e a seguir a cada 3 meses até o 1º ano e anualmente a seguir:

Nessas consultas serão:

  • Reforçados os cuidados com a alimentação.
  • Monitorizada a curva de perda de peso. É possível não haver perda de peso ou perda com demasiada rapidez. A perda de peso exagerada pode resultar em sintomas de desnutrição e anemia.
  • Realizadas avaliações clínica e laboratorial para se detectar e tratar eventuais problemas clínicos e déficits nutricionais.
  • Prescritas vitaminas e minerais por via oral diariamente. Será prescrita vitamina B12 pro via intramuscular a cada 3 meses (sempre que os exames de sangue revelarem algum déficit).

Serão realizadas reuniões a cada mês com participação da equipe multiprofissional, pacientes já operados e candidatos à cirurgia para esclarecimentos, troca de experiências e educação continuada.

A participação nessas reuniões também poderá beneficiar a outros pacientes e permitir aos profissionais a obtenção de maior informação sobre a mudança na qualidade de vida após uma perda de peso considerável.

É bastante desejável que se pratiquem exercícios físicos regularmente após a cirurgia, sob orientação profissional adequada; isso é muito importante para proporcionar maior perda de peso e melhora da qualidade de vida.

A paciente do sexo feminino deverá evitar a gravidez durante o período de perda de peso mais acentuada, ou seja, durante o 1º ano pós-cirurgia. Não se pode prever as conseqüências da perda rápida de peso sobre o feto. Será, pois, indicado um método contraceptivo clinicamente aceitável durante este período. Se ocorrer gravidez ou se houver motivos para se suspeitar de gravidez o cirurgião deverá ser imediatamente informado.

 

Quais os efeitos esperados?

Perda de peso significativa.

Doenças cardiovasculares: O emagrecimento promove uma redução nos riscos de infarto agudo do miocárdio e trombose. Para cada 10 kg de perda no peso corpóreo ocorre uma queda de 10 mmHg na pressão sistólica e 20 mmHg na diastólica, havendo uma drástica redução na necessidade de medicamentos para controle pressórico nos paciente portadores de hipertensão arterial.

Função ovariana: Esta também é fortemente afetada pela obesidade. Assim, a perda de peso promove normalização da menstruação e do hirsutismo (excesso de pelos) em mulheres obesas portadoras de ovários policísticos.

A melhora da qualidade de vida foi bem avaliada num grande estudo populacional na Suécia (Estudo SOS-Swedish Obesity Study) com pacientes submetidos a cirurgia para obesidade mórbida. Houve melhora nos quadros de depressão, ansiedade e interação social. Os pacientes obesos mórbidos freqüentemente sentem-se discriminados, desrespeitados e apresentam baixa auto-estima.

A perda de peso também pode trazer problemas. Assim sendo, duas situações foram definidas : o surgimento de cálculos na vesícula (colelitíase) e redução da densidade óssea (osteoporose) que necessitam de orientação médica.

 

Preciso de acompanhamento nutricional após a cirurgia?

O acompanhamento nutricional é fundamental tanto no período pré-operatório quanto no período pós-operatório.

Antes da cirurgia, o acompanhamento nutricional tem como principais objetivos:

  • Identificar erros e transtornos alimentares;
  • Promover expectativas reais de perda de peso (redução de 10% do peso para redução na mortalidade associada às comorbidades);
  • Preparar o paciente para a alimentação no pós-operatório. Após a cirurgia, o acompanhamento nutricional tem como principais objetivos:
  • Detectar alterações gastrintestinais e auxiliar no controle das possíveis intercorrências;
  • Controlar a ingestão calórica, de macro e micronutrientes (vitaminas e minerais), prevenindo possíveis excessos ou déficits de consumo;
  • Acompanhar a perda de peso e alterações da composição corporal, prevenindo perdas em excesso ou aquém do esperado. Evitar perda excessiva de massa magra.
  • Prevenir possíveis deficiências de micronutrientes, que causariam anemia, hipovitaminoses e outras.

 

Preciso de acompanhamento psicológico após a cirurgia?

Embora muitas pessoas acreditem que a participação do psicólogo se resume apenas na emissão de laudos, o acompanhamento psicológico pré e pós cirúrgico (enfatizando a palavra ACOMPANHAMENTO) é essencial para garantir o sucesso na cirurgia bariátrica.

Após a cirurgia, o paciente é orientado a manter esse acompanhamento para que possa reorganizar o entendimento emocional que engloba todo o processo da cirurgia.

 

O PROGRAMA PRÉ-CIRÚRGICO

O programa pré-operatório utiliza a técnica cognitivo comportamental e será desenvolvido em 06 sessões em grupo ou individuais, semanais, onde serão abordados temas relacionados à educação alimentar, mudanças comportamentais e reestruturação cognitiva, bases necessárias para uma boa internação pré-cirúrgica e aceitação de todas as alterações após a cirurgia (INDICADO PELO SERVIÇO DE PSICOLOGIA).

 

O PROGRAMA PÓS-CIRÚRGICO

Após a alta da cirurgia, o paciente pode iniciar a participação no grupo pós-cirúrgico. Este grupo é dividido em: pacientes recémoperados, (com zero a seis meses de cirurgia) e pacientes operados (pacientes com mais de seis meses de cirurgia).

Os pacientes recém-operados terão encontros quinzenais onde serão trabalhadas as dificuldades, ansiedades e expectativas pós-cirúrgicas.

 

TIPOS DE CIRURGIA:

São aprovadas no Brasil quatro modalidades diferentes de cirurgia bariátrica e metabólica (além do balão intragástrico, que não é considerado cirúrgico):

 

Bypass gástrico

Estudado desde a década de 60, o by pass gástrico é uma das  técnicas mais praticadas no Brasil devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à cirurgia perde de 40% a 45% do peso inicial.

Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.

 


 

Banda gástrica ajustável

Criada em 1984 e trazida ao Brasil em 1996, a banda gástrica ajustável representa menos de 5% dos procedimentos realizados no País.

Apesar de não promover mudanças na produção de hormônios como o by pass, essa técnica é bastante segura e eficaz na redução de peso (20% a 30% do peso inicial), o que também ajuda no tratamento do diabetes.

Um anel de silicone inflável e ajustável é instalado ao redor do estômago, que aperta mais ou menos o órgão, tornando possível controlar o esvaziamento do estômago.

 


 

Gastrectomia vertical

Nesse procedimento, o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros (ml) sendo hoje a principal modalidade cirúrgica nos grandes centros em decorrência de sua maior facilidade técnica e rapidez de recuperação.

Essa intervenção provoca boa perda de peso, comparável à do by pass gástrico (para alguns estudos) e maior que a proporcionada pela banda gástrica ajustável.

Tem boa eficácia sobre o controle da hipertensão e de doenças dos lípides (colesterol e triglicérides).

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